Smart grids, ou “redes inteligentes”, são os sistemas de distribuição e de transmissão de energia elétrica que foram dotados de recursos de Tecnologia da Informação (TI) e de elevado grau de automação, de forma a ampliar substancialmente a sua eficiência operacional. Graças ao alto nível de tecnologia agregado, as smart grids conseguem responder a várias demandas da sociedade moderna, tanto no que se refere às necessidades energéticas, quanto em relação ao desenvolvimento sustentável.
A maior eficiência e controle do fluxo de energia oferecido pelas smart grids proporcionam um conjunto variado e abrangente de benefícios para consumidores, concessionárias de energia e para o próprio sistema elétrico como um todo. O “coração” deste sistema são os medidores eletrônicos inteligentes, versões mais modernas que os medidores convencionais, que disponibilizam uma série de funcionalidades inovadoras, como o envio de eventos e alarmes, além da possibilidade de medição remota.
Os benefícios para os consumidores não param por aí. No futuro, as smart grids permitirão aos clientes das empresas que distribuem energia, um acompanhamento mais rigoroso do consumo, muitas vezes obtendo as informações de forma instantânea. Não será preciso esperar a conta de energia chegar ao término do mês para tomar providências com relação à conta de energia. Também permitirá a programação remota de acionamentos e desligamentos de aparelhos eletrodomésticos, de forma a permitir um aproveitamento do consumo de energia nas residências.
Para as concessionárias de energia, as redes inteligentes também poderão trazer vantagens em relação aos sistemas elétricos convencionais. Será possível a identificação instantânea e precisa de uma queda no fornecimento na rede e a realização automática de manobras necessárias para viabilizar um pronto reestabelecimento do fornecimento. Outra vantagem é possibilitar um conhecimento mais profundo do comportamento do consumo dos clientes, o que tornará possível um melhor planejamento da ampliação da oferta, além de ajustar o sistema para essas características. Outro benefício desse conhecimento será a possibilidade de estabelecer um controle mais apurado de fraudes comerciais ou de perdas operacionais de energia, que podem ser identificadas mediante mudanças no comportamento do consumo.
As smart grids também vêm sendo apontadas como uma ferramenta providencial para os países se ajustarem às demandas resultantes do Protocolo de Kyoto. Os sistemas de geração de energia dos países desenvolvidos, em particular, são baseados no consumo de combustíveis fósseis, considerados os principais emissores de gases causadores do efeito estufa. Nesses países, as redes inteligentes são apontadas como o instrumento que permitirá a disseminação de fontes renováveis de energia, por meio dos conceitos de geração distribuída e microgeração.
E aí também entram os consumidores. Explica-se: as smart grids permitem a conexão de pequenos sistemas de geração fotovoltaicos (placas que aproveitam a luz solar) e eólicos (movidos pela força do vento) em consumidores de baixa tensão (clientes residenciais e comerciais), além de possibilitar um perfeito funcionamento desses sistemas em sintonia com todo o sistema elétrico. Dessa forma, no futuro, será possível expandir a geração de energia de forma descentralizada (sem a necessidade de construção de grandes e dispendiosos projetos de geração), e de forma pulverizada (permitindo ao consumidor final ser ser um microgerador de energia).
Essas características oferecem aos países vantagens, como maior segurança no suprimento de energia e redução nos investimentos na ampliação do próprio sistema de transmissão e distribuição, bem como do parque gerador.