Fenômenos naturais que podem matar pessoas, causar incêndios e danificar aparelhos eletroeletrônicos, as descargas atmosféricas sempre foram um transtorno para a população. Vilões em várias tragédias, os raios podem trazer muita dor de cabeça se não observamos algumas medidas de segurança.
Campeão em incidência de raios, o Brasil é constantemente palco de histórias alarmantes. Blackouts, incêndios, mortes, prejuízos… Basta chover e as más notícias aparecem. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o País é atingido por 70 milhões de descargas elétricas por ano, o equivalente a três raios por segundo!
E os grandes centros urbanos são as principais áreas afetadas, já que estudos indicam que a poluição atmosférica e as ilhas de calor contribuem para a ocorrência de raios.
Uma descrição simplificada pode classificar um raio como um curto-circuito entre a nuvem e a terra, um fenômeno da natureza imprevisível e aleatório que ocorre quando a energia acumulada em uma nuvem atinge um valor crítico e rompe a rigidez dielétrica do ar.
Felizmente estes eventos são estudados há muito tempo e as medidas de prevenção estão em um estágio bem avançado. A instalação do pára-raio, tecnicamente chamado de Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA), é o meio mais adequado de proteger uma edificação e as pessoas que estejam em seu interior.
Vale lembrar que para garantir a segurança e eficiência do sistema, o projeto deve ser elaborado segundo os preceitos da norma NBR 5419 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
Dicas para um bom projeto de Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas:
• Os condutores de descida são distribuídos ao longo do perímetro da edificação, de acordo com o nível de proteção, com preferência para as quinas principais.
• Em edificações acima de 20 metros de altura, os condutores das descidas e dos anéis intermediários horizontais devem ter a mesma bitola dos condutores de captação, devido à presença de descargas laterais.
• Para minimizar os danos estéticos nas fachadas e no nível dos terraços, podem-se utilizar condutores chatos de cobre.
• A malha de aterramento deve ser com cabo de cobre nu #50mm² a 0,5m de profundidade no solo, interligando todas as descidas.
• Os eletrodos de aterramento tipo copperweld devem ser de alta camada (254 microns). Os eletrodos de baixa camada não são permitidos.
• As conexões enterradas devem ser preferencialmente com solda exotérmica. Se forem usados conectores de aperto, instala-se uma caixa de inspeção de solo para proteção e manutenção do conector.
• As equalizações de potenciais devem ser executadas no nível do solo e a cada 20 metros de altura, onde são interligadas todas as malhas de aterramento, bem como todas as prumadas metálicas, além da própria estrutura da edificação.
• As tubulações de gás com proteção catódica não podem ser vinculadas diretamente. Neste caso deve-se instalar um DPS tipo centelhador.
• Lembre-se que o cobre é o melhor condutor de energia e tem papel fundamental na instalação dos pára-raios que protegem o seu patrimônio da sua vida.
Mitos e verdades
“Um raio não cai duas vezes em um mesmo lugar”. Quantas vezes já ouvimos isso! Pois saiba que é uma grande bobagem!!! É comprovado que um raio pode cair mais de uma vez no mesmo lugar.
Outras crenças populares contribuem para que as pessoas tenham dúvidas sobre este assunto e continuem se arriscando. Uma das mais comuns é a de se achar que estamos protegidos pelo pára-raios do vizinho. Grande erro.
Há uma confusão ainda maior. Muitos acreditam que os pára-raios possam atrair os raios para suas edificações e, por medo, se recusam a instalá-los. Na realidade o pára-raios é um caminho seguro para conduzir a energia gerada pelo raio à terra.
Mais uma dúvida comum. Os pára-raios não protegem os equipamentos eletroeletrônicos. Para isso devem ser usados o aterramento elétrico (fio terra) e supressores de surto. Todo o sistema de aterramento deve ser equipotencializado.
Cobre e pára-raios
Os sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA), popularmente conhecidos como pára-raios, são equipamentos fundamentais para a segurança estrutural das edificações, atuando também indiretamente na proteção das pessoas.
Este tipo de proteção é regulamentada pela norma NBR 5419 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que, entre outros pontos, preocupa-se com a qualidade dos materiais empregados na instalação. Assim, a norma proíbe metais ferrosos galvanizados eletroliticamente.
Em casos de ambientes agressivos, a NBR 5419 exige a utilização de metais nobres, descartando o uso do alumínio ou elementos ferrosos. O cobre, por ser mais durável e suscetível à umidade, conquistou os profissionais da área e se tornou o material mais usado nestas aplicações.
O cobre é o metal mais indicado nos SPDA’s, pois é fácil de instalar e eficiente na proteção contra uma descarga atmosférica, não sofrendo as ações do tempo. Isso garante a continuidade na condução do raio.